terça-feira, 22 de abril de 2008

O fio de Ariadne


“Segundo a mitologia grega, Posêidon, deus do mar, enviou a Minos, rei de Creta, um touro branco que deveria ser sacrificado em sua honra. Deslumbrado com a beleza do animal, o monarca guardou-o para si. Em represália, Posêidon despertou na rainha Pasífae uma doentia paixão pelo animal. Da união, nasceu o Minotauro, ser monstruoso com corpo de homem e cabeça de touro. Logo após seu nascimento, o Minotauro foi levado ao labirinto, construído pelo arquiteto e inventor Dédalo e de onde ninguém conseguia sair. Anos mais tarde, Minos declarou guerra a Atenas, para vingar o assassinato de seu irmão Androgeu. Vitorioso, exigiu que os vencidos enviassem, a cada nove anos, sete rapazes e sete virgens para serem devorados pelo Minotauro. Quando os atenienses se preparavam para pagar pela terceira vez o tributo, Teseu se ofereceu como voluntário. Penetrou no labirinto, matou o Minotauro e, guiado por um fio que lhe fora dado por Ariadne, filha de Minos, escapou de Creta em sua companhia e na de seus companheiros atenienses.”


Parece-me aceitável relacionar a Filosofia ao mito do Minotauro, um ser meio touro meio homem que se alimentava de carne humana e habitava em um labirinto. Nesta alegoria consideramos Teseu como a humanidade; o minotauro, aqueles que sobrepujam os mais fracos; o labirinto, o mundo, as idéias ou sistemas que impedem a compreensão da realidade pelo homem; e o fio de Ariadne, a Filosofia.De fato, desde o início das sociedades, vê-se a dominação dos mais fracos pelos mais fortes e esses tendem a manter seu domínio não só pela força, mas também buscando a legitimidade desta dominação através de um sistema de idéias que justifique a ordem existente. Foi assim na Antigüidade e Idade Média, onde tudo era visto como “vontade de Deus”, forçando o povo a viver sob a exploração e a vontade de seus subjugadores.

Ainda hoje, os “minotauros” continuam erigindo seus “labirintos”, onde a humanidade se perde e, não encontrando a saída, serve para “matar a fome” (insaciável, diga-se de passagem) de poder dos dominadores. É o que acontece hoje no Nordeste do Brasil com as secas e nas campanhas políticas com o populismo. Entretanto a Humanidade dispõe do “Fio de Ariadne”, a Filosofia, como ferramenta para não se perder no “labirinto”, poder identificar o “minotauro” e assim “matá-lo”.

A Filosofia, creio eu, através de sua busca incessante pela Verdade e pelo Conhecimento – mesmo acreditando que a Verdade é algo inalcançável – é um dos caminhos para a libertação humana, para a construção de uma vida nova e mais justa.

Em tempo: o texto introdutório foi extraído daqui.

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